Festa na roça.

Junior coçou a cabeça desanimado ao olhar a desolada paisagem que rodeava a desconfortável sede da fazenda onde havia sido alojado. Seu empregador o enviara até aquele ermo de helicóptero e agora, transcorridas apenas duas horas, enquanto montava o sofisticado equipamento de informática, já estava arrependido do contrato que assinara.

Iludiu-se com a riqueza e poderio da empresa que o Comendador dirigia, julgando que iria para um palácio e gozaria férias de primeira, razão pela qual disse que o serviço seria feito em uma semana.

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Na realidade, em menos de dois dias ele faria tudo o que era necessário para a instalação daquele equipamento que iria integrar a Intranet que unia todas as unidades do complexo empresarial do Comendador.

E estava, por culpa dele mesmo, condenado a passar uma semana inteira perdido no meio do nada, sem nenhuma das excelências que imaginara e irremediavelmente condenado porque, graças à sua burrice, o helicóptero, única saída daquele ermo, só regressaria dali a sete dias.

A casa, apesar de grande, era despojada, quase de roça. Apesar da energia elétrica, não tinha nem ar condicionado ou televisão. Piscina, equitação então, nem pensar. E o pessoal que servia ali, era lamentável.

As três mulheres que cozinhavam e arrumavam eram velhas ou desgastadas pela vida difícil e todas eram analfabetas. Estanilau, o capataz da propriedade, designado para atende-lo, era um polaco de meia idade e grosso como o resto do pessoal.

Entretanto, apesar daquela casca grossa, era uma boa pessoa, ansioso para ajudar e agradar. Notou, igualmente, que o distinto era muito chegado à uma bebida. Coisa de polaco.

Voltou ao trabalho no escritório da sede com a ajuda dele, que era bom eletricista. Soube que a empresa estava aguardando somente o sistema tornar-se operacional para darem início a montagem da unidade agro-industrial e, evidentemente, dotarem a propriedade de todos os confortos e facilidades para atender os inúmeros funcionários que ali iriam trabalhar.

Uma pena, lamentou-se novamente Junior por haver exagerado no prazo. Nada tivera com o preço que havia orçado. Ele era um profissional honesto.

Quando foi chamado para a janta, seu serviço estava tão adiantado que no dia seguinte terminaria a tarefa e teria que encarar cinco dias sem nada o que fazer e muito menos se divertir naquele buraco.

Estanislau, assim que foi liberado, saiu rapidamente para sua casa, situada bem longe da sede. Junior riu pela ansiedade que ele demonstrava “É a falta da cachaça - pensou - garanto que vai encher a cara”.

A janta estava ótima. Gostou muito da cozinha. Pelo menos neste item ele não teria de que se queixar. Na falta de outra coisa, foi dormir cedo ao som dos grilos e num quarto mobiliado com a austeridade de uma cela de convento.

Mas acordou muito bem disposto e repousado. Nem tudo estava perdido. Teria comida farta e gostosa e a tranquilidade que estava carente há muito tempo, dando uma pausa à vida que estava acostumado, mas até isto seria, ao final, compensador. Ele havia exagerado com bebidas e mulheres nos ultimos tempos e uma parada seria muito bem vinda.

Após um lanche matinal delicioso, voltou ao trabalho e quando Estanislau chegou para ajudar, já havia adiantado muito o serviço. Disse-lhe como fazer para preparar a bancada onde iria colocar o poderoso computador quase montado e os inúmeros acessórios que o configurava.

Ele obedecia docilmente, mas ostentava um ar de ressaca monumental. Deveria ter tomado um porre de considerável tamanho. Quando foram chamados para o almoço, Junior querendo ser gentil e também para melhorar o seu desempenho, foi ao seu quarto e retirou da mala uma miniatura de uísque que ofereceu ao polaco.

Foi uma ato proveitoso. Ele ingeriu o seu conteúdo de um só gole e, além de deixar de tremer, passou a olha-lo com gratidão reverente.

Junior percebeu que sua ação tinha conquistado o polaco e incrementado a sua colaboração de tal forma que, ao final do dia, pouca coisa a mais havia à ser feita.

Gostou dos resultados e, antes de encerrar os trabalhos, deu uma varejada na grande dispensa da casa para procurar alguma bebida para dar ao ajudante.

Encontrou mais do que esperava no meio de uma grande quantidade de conservas, embutidos e enlatados diversos e de excelente qualidade. Uma grande caixa guardava mais de uma dúzia de litros de uísque. Eram garrafas das melhores marcas.

Refletiu que seria imprudente dar um deles ao polaco. Ele certamente tomaria um porre que o tornaria incapaz de trabalhar no dia seguinte. Resolveu o caso ao abrir um deles e encher uma garrafa vazia de guaraná.

Com ela presenteou o capataz ao terminar o dia de trabalho. Ele ficou felicíssimo e educadamente serviu da garrafinha duas doses servindo-o e bebendo, desta vez com calma, fazendo brindes. Junior para ser gentil, o acompanhou, retribuindo os brindes.

No dia seguinte - o terceiro - antes do almoço, o serviço estava completo, só restando alguns testes de compatibilidade e consistência da configuração montada, coisa pouca, servicinho rápido.

A presença de Estanislau não seria necessária, mas ele insistiu em comparecer. Novamente Junior preencheu a garrafinha de guaraná com o excelente uísque encontrado, deixando o capataz feliz e grato.

À tarde, morosamente, Junior terminou a tarefa e ficou conversando com ele, que o olhava com admiração e respeito. As informações que obteve não lhe causaram nenhuma surpresa.

Estavam isolados de fato. Não havia estrada para a cidade mais próxima e, mesmo que houvesse, a fazenda não dispunha de veículos, sequer um jeep. Somente algumas carroças puxadas por bois.

Sua expressão de desgosto deveria ser tão patente que Estanislau atreveu-se com um convite:

- Se o senhor quiser, venha à minha casa… é casa de pobre, mas teremos, eu e minha família, prazer em fazer uma janta especial… eu toco sanfona, mal, mas dá para animar um bailinho… dançaremos e garanto que o senhor vai se divertir...

Junior gostou do convite. Pelo menos conheceria mais gente e não teria que ir dormir com as galinhas. Aceitou depois de obter a promessa que ele, ou alguém da sua família o acompanhasse na volta. Durante o dia não haveria problema em achar a sede, mas, à noite, precisaria de um guia para regressar sem problemas.

Estanislau, muito contente com a anuência de Junior, partiu incontinente para providenciar a recepção. Junior ficou dando pequenos retoques no equipamento, demorou-se no banho para passar o tempo e, uma hora antes do por de sol, partiu em direção à morada do capataz.

Localizou-a depois de vinte minutos de calma caminhada. Como todas por ali, tosca, porém era grande, cheia de puxados e galpões. O dono havia emendado a moradia de acordo com as necessidades que iam surgindo, sem o menor cuidado estético.

Foi recebido como um rei e gostou muito das atenções. Estanislau estava radiante com a sua presença e ficou comovido com a garrafa de uísque que Junior trouxe de presente. Não lhe custara nada e, por outro lado, se livraria da cachaça que certamente o polaco iria lhe oferecer.

Ficou surpreso e encantado com a família. Era composta de quatro filhas e dois rapazes, belos exemplares da raça polonesa. Todos bonitos e saudáveis.

A mulher dele, apesar de duas falhas nos dentes da frente, era muito atraente. De boa estatura, possuía um corpo bem fornido e cheio de curvas sensuais e, além da pele clara e sedosa, característica de todas as filhas, tinha o rosto interessantíssimo, com malares pronunciados, boca grande com lábios bem delineados e cabelos louros acobreados, preso em grossas tranças que ornamentavam sua cabeça.

As filhas tinham o mesmo tipo físico e foi difícil à Junior eleger a mais bonita. Diferiam somente pela idade, que ia dos dezenove anos para a mais velha aos treze da mais nova.

Os dois rapazes eram de onze e quinze anos, no mesmo padrão eslavo e todos eles de olhos azuis e louros, diferindo drasticamente do povinho caboclo da região.

A janta, ótima por sinal, transcorreu em clima de festa. As mulheres, de poucas palavras, riam muito e se agitavam, servindo a comida e brincando entre elas.

Sobre a grande mesa de madeira, sem toalha, onde jantavam sentados em compridos e grosseiros bancos, haviam duas jarras de vinho da colonia, mas não o bebiam.

Preferiam o uísque que Junior trouxera e, à medida que a garrafa se esvaziava, a animação do pessoal crescia em progressão geométrica.

Junior espantou-se ao ver que todos estavam bebendo, inclusive o caçula. Bebiam sem nenhuma moderação e, em menos de meia hora, a garrafa estava vazia. Junior, prudentemente, pouco antes, enchera seu copo. Atacaram as jarras de vinho, continuando a beber sem parar.

Estanislau preferiu a companhia de uma grande moringa de barro, cheio de cachaça. A grande quantidade de álcool soltou os ânimos da família e, logo após a sobremesa, todos pediam para o pai tocar sanfona.

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